A 'Good' Bye

  O automóvel amarelo passava mais tempo empacado do que deslizando pelas ruas. Até mesmo a via expressa que havia instruído o taxista ...

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O automóvel amarelo passava mais tempo empacado do que deslizando pelas ruas. Até mesmo a via expressa que havia instruído o taxista a usar estava vagarosa, e agora que chegara a pouquíssimos quarteirões do seu destino o fluxo diminuíra de vez. Nesse meio tempo já havia tentado se distrair observando os passageiros dos veículos ao seu redor, crianças fazendo careta para a janela, uma senhora de meia idade lendo um livro, ou o rapaz batucando alguma musica no volante. No momento estava quase arrependida de ter oferecido uma gorjeta pelo silêncio do motorista, quase. O atraso, além da perca de tempo a fazia pensar. E pensar, não era bem o que queria naquele momento.
Fechou os olhos encostando a cabeça no vidro, a superfície estava gelada, porém, a sensação de alguma forma parecia reconfortante. Mesmo que só por alguns segundos a fez concentrar-se no ponto em que sua pele sofria com a baixa temperatura. Suspirou. Em algumas horas enfrentaria temperaturas mais baixas, afinal, apesar de uma frente fria que trouxe chuvas a sua cidade, ainda era apenas o final de uma primavera. Ela sorriu da ironia, também se sentia como as flores que começavam a perder a exuberância de suas cores, o que é irônico já que deveria ser justamente o contrário.
Seu momento de auto piedade foi interrompido pelo toque do telefone, era sua mãe. Checando pela milésima vez se ela não havia esquecido nada. Ela riu, parecia que a mulher tentava compensar em dobro para que ela sentisse o mesmo peso de preocupação. “Sim, estão comigo” repetiu pela quinta vez na manhã, e ainda eram nove horas, enquanto observava as passagens, destino Calgary, que despontavam do meio de seu passaporte. Após prometer pelo menos três vezes que daria sinal de vida assim que pousassem em terras canadenses e conseguisse wi-fi, e responder monossílabicamente a um pergunta de sua mãe ela desligou. E para alivio da claustrofobia por nervosismo que começava a tomar conta de si, o motorista estava próximo ao estacionamento.
Quando o carro estacionou, ela pagou o motorista e pegou suas duas malas e entrou o mais rápido que pode no prédio. Localizou rapidamente a fila do check-in e ficou ali esperando por sua vez, enquanto tratava das ultimas burocracias. Tarefas cumpridas, caminhou para o local indicado, onde deveria esperar até o embarque. Mas antes que o fizesse escutou seu nome sendo gritado, virou para trás, esperando a primeira e ultima pessoa que esperava ver. Primeira, porque no fundo estivera desejando isso à viagem toda; ultima, pela briga que seu intercambio havia gerado nos últimos meses, até culminar na discussão acalorada da ultima noite.
— Pai? — a palavra saiu de seus lábios numa mistura de surpresa e vulnerabilidade.
— Desculpe. — foi à primeira coisa que ele disse antes de abraçá-la, englobando a garota e alça de uma das malas — Desculpe por seu velho cabeça-dura quase ter lhe deixado partir sem se despedir. — completou, e ela sentiu os lábios tremerem, abraçando o pai como quando tinha seis anos e se machucava.
— Eu...
— Shh... Não terminei — ele a interrompeu, se afastando e a fitando nos olhos enquanto segurava-lhe os ombros. — Não quero que pense que não estou orgulhoso de você estar terminando sua graduação numa faculdade mundialmente reconhecida, mas espero que entenda o fato de que, apesar do tamanho, você ainda é minha garotinha. E, por isso, não concordei com mudança. Você nunca viajou para fora e agora vai passar dois anos num pais desconhecido com estranhos... Como acha que eu lidaria...?
Ela tentou abrir a boca novamente, mas foi silenciada.
— Como lidei, não? — ele suspirou. — Mas, exatamente por esse motivo não poderia deixar você partir assim, então desculpe. E escute, não importa que esteja a um continente de distância, eu te amo. Não importa o quão bravo eu tenha ficado. Eu te amo, e tenho orgulho de você. — o homem de meia idade terminou seu discurso com a voz embargada.
A garota, tinha os olhos marejados, mas sentia o coração bem mais leve do que nos últimos meses. Sem esperar mais nenhum segundo ela o abraçou.
— Eu também te amo, pai. — disse por fim.
Agora poderia partir, sem peso nenhum Finalmente parecida com a alegria de uma flor no inicio da primavera.

    N/A: Mais um texto fruto de um desafio. Esse foi proposto pela Thiarlley Valadares do blog Just Running Away, e teve como  palavras chaves: aeroporto, Canadá, reconciliação.
    Espero que tenham gostados. See Yah!

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2 comentários

  1. AI, EU LEMBRO DESSE DIA! E eu que falei as palavras bem tendenciosas, pensando que você ia fazer algum texto com o Henry e quebrei a cara rude HAUAHUAAH o texto ficou ótimo, eu amo esses 'plotwists' e fazer textos sobre família e amizade, af, amo mesmo!

    Ficou lindo, quero chorar :') A GENTE DEVIA FAZER MAIS ISSO

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    1. kkkkkkk tu que me inspira fazer esses textos família e não foi minha culpa kkkkkkkkkkkk
      Super concordo em fazermos mais desafios, pois sempre rende umas pérolas lindas na vida <3

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