Á meia sombra da árvore.

Ela estava sentada no banco a meia sombra de uma arvore, pensava, pensava e não chegava à solução alguma para os problemas iminentes. ...


Ela estava sentada no banco a meia sombra de uma arvore, pensava, pensava e não chegava à solução alguma para os problemas iminentes. A começar pelas partes que iam além de qualquer capacidade sua. Era injusto, se sentia uma impotente vendo pessoas que ama sofrer, sem poder fazer nada. Manter-se com uma observadora incapacitada a enlouquecia por dentro, contudo apesar disso a jovem tentava não externar.
Era exatamente por isso que estava ali, escapara da presença de todos para pensar; até mesmo na ilusão de achar uma forma nova de agir. Usar do relativo silêncio daquela parte mais isolada da praça como um esconderijo e um escudo. Não externar “emoções ruins” já era parte de sua natureza.
— Você devia saber que não precisa ser forte o tempo inteiro. — a voz suave e aveludada veio do seu lado direito.
Os olhos assustados da mulher se voltaram para a figura masculina. A cena era no mínimo inusitada: Thomas, com aquelas roupas formais, — terno marinho, camisa e gravata as quais ela não assimilara a cor e nos pés um sapato social marrom, talvez um derby — deviam parecer deslocados no cenário. Todavia, naquele momento, ela não conseguia achar isso. Na verdade, por alguma razão que nem ela mesma conhecia, sentiu extremo alívio ao vê-lo e ali.
Ninguém deve, ou pode ser assim. — continuou ele, no timbre paciente, apesar de explicar algo que para ele era óbvio.
Suas emoções deviam ter ficado muito evidentes em sua face, já que a única coisa que o mais alto fez foi abrir levemente os braços. Lilly viu seu corpo reagir mais rápido que a mente, ao passo que quando tivera qualquer pensamento no intuito de se levantar, apercebeu-se num débil abraço junto dele. Os braços foram jogados em torno do tronco esguio e o rosto escondido na altura do bolso do blazer, afinal ele era um bocado mais alto que ela.
A jovem não fez um escândalo, ou chorou com todo aquele alarde como os das mocinhas em filmes; Suas lagrimas eram silenciosas, vez ou outra entrecortadas por um fungado ou um soluço abafado. Depois, ela lembraria perfeitamente sobre sua velha premissa: “Lagrimas silenciosas são as mais doloridas” naquele momento para si era verdade, todavia mesmo a dor, quando compartilhada parece ser mais amena de se suportar.
Tom, por sua vez, apenas se deteve a murmurar alguns: “Estou aqui, você não está sozinha”, “não se preocupe, vamos dar um jeito nisso”, “Shh” dentre algumas outras frases reconfortantes, porém ao mesmo tempo deixando a chorar. Lágrimas que aparentemente estava segurando há muito.
Parece antagônico pensar que o pranto lhe servia de conforto, no entanto, ao passo que o a torrente ia diminuído, a jovem sentia como se um peso tivesse sido tirado de si. Talvez a sensação se devesse ao fato de poder contar com alguém naquele instante, pensou.
— Melhor? — perguntou ele usando dos polegares para limpar os rastros que restavam nas bochechas femininas.
Lilly apenas meneou com a cabeça, mas ao ver um sorriso no rosto alheio não teve outra opção que não retribuir, embora seus lábios tenham apenas se curvado levemente. De toda forma, já era um começo.
— Tudo bem, agora você vai me contar tudo o que aconteceu, e juntos vamos pensar em alguma coisa. Okay?
Ela não tinha como negar aquele pedido, não depois da maneira que fora tratada minutos antes. Então, após, mais um suspiro – hábito que ainda não podia controlar por querer guardar os problemas pra si — seguido de um abraço de agradecimento, Lilly deixou-se ser puxada para o mesmo banco onde estava antes, porém se sentido bem melhor. 

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