Meus Textos
Á meia sombra da árvore.
junho 24, 2014
Ela
estava sentada no banco a meia sombra de uma arvore, pensava, pensava e não
chegava à solução alguma para os problemas iminentes. A começar pelas partes
que iam além de qualquer capacidade sua. Era injusto, se sentia uma impotente
vendo pessoas que ama sofrer, sem poder fazer nada. Manter-se com uma
observadora incapacitada a enlouquecia por dentro, contudo apesar disso a jovem
tentava não externar.
Era
exatamente por isso que estava ali, escapara da presença de todos para pensar;
até mesmo na ilusão de achar uma forma nova de agir. Usar do relativo silêncio
daquela parte mais isolada da praça como um esconderijo e um escudo. Não
externar “emoções ruins” já era parte de sua natureza.
—
Você devia saber que não precisa ser forte o tempo inteiro. — a voz suave e
aveludada veio do seu lado direito.
Os
olhos assustados da mulher se voltaram para a figura masculina. A cena era no
mínimo inusitada: Thomas, com aquelas roupas formais, — terno marinho, camisa e
gravata as quais ela não assimilara a cor e nos pés um sapato social marrom,
talvez um derby — deviam parecer deslocados no cenário. Todavia, naquele
momento, ela não conseguia achar isso. Na verdade, por alguma razão que nem ela
mesma conhecia, sentiu extremo alívio ao vê-lo e ali.
— Ninguém deve, ou pode ser assim. — continuou ele, no timbre
paciente, apesar de explicar algo que para ele era óbvio.
Suas
emoções deviam ter ficado muito evidentes em sua face, já que a única coisa que
o mais alto fez foi abrir levemente os braços. Lilly viu seu corpo reagir mais
rápido que a mente, ao passo que quando tivera qualquer pensamento no intuito
de se levantar, apercebeu-se num débil abraço junto dele. Os braços foram
jogados em torno do tronco esguio e o rosto escondido na altura do bolso do
blazer, afinal ele era um bocado mais alto que ela.
A
jovem não fez um escândalo, ou chorou com todo aquele alarde como os das mocinhas
em filmes; Suas lagrimas eram silenciosas, vez ou outra entrecortadas por um
fungado ou um soluço abafado. Depois, ela lembraria perfeitamente sobre sua
velha premissa: “Lagrimas silenciosas são as mais doloridas” naquele momento
para si era verdade, todavia mesmo a dor, quando compartilhada parece ser mais
amena de se suportar.
Tom,
por sua vez, apenas se deteve a murmurar alguns: “Estou aqui, você não está
sozinha”, “não se preocupe, vamos dar um jeito nisso”, “Shh” dentre algumas
outras frases reconfortantes, porém ao mesmo tempo deixando a chorar. Lágrimas
que aparentemente estava segurando há muito.
Parece
antagônico pensar que o pranto lhe servia de conforto, no entanto, ao passo que
o a torrente ia diminuído, a jovem sentia como se um peso tivesse sido tirado
de si. Talvez a sensação se devesse ao fato de poder contar com alguém naquele
instante, pensou.
—
Melhor? — perguntou ele usando dos polegares para limpar os rastros que
restavam nas bochechas femininas.
Lilly
apenas meneou com a cabeça, mas ao ver um sorriso no rosto alheio não teve
outra opção que não retribuir, embora seus lábios tenham apenas se curvado
levemente. De toda forma, já era um começo.
—
Tudo bem, agora você vai me contar tudo o que aconteceu, e juntos vamos pensar
em alguma coisa. Okay?
Ela
não tinha como negar aquele pedido, não depois da maneira que fora tratada
minutos antes. Então, após, mais um suspiro – hábito que ainda não podia
controlar por querer guardar os problemas pra si — seguido de um abraço de
agradecimento, Lilly deixou-se ser puxada para o mesmo banco onde estava antes,
porém se sentido bem melhor.
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